sábado, 20 de agosto de 2016


epicurista

e eu, louco epicurista,
sedento dos teus sabores sagrados,
vergo-me à tua matéria mágica,
ajoelho-me perante os teus poderes alados

preencho-me e redescubro-me
alimentando-me da tua falsa pureza
entregando-me ao abismo que me abres,
gozando-me em êxtases sem delicadeza

e já quase morto, ou tão-só desfalecido
pelo feitiço das tuas intimidades,
sinto-me finalmente saciado pela tua seiva
refém sem retorno das minhas insanidades


falo

falo do falo que te saciou,
daquele que entrepernas se esvaziou,
daquele que entre lábios se agigantou

falo do falo que te preencheu,
daquele que de bruços primeiro te doeu,
daquele que depois te comprazeu

falo do falo que te encantou,
daquele que nas tuas mãos te maravilhou,
daquele que nos teus seios depois repousou

falo do falo que por ti se intumesceu,
daquele que pelo teu olhar se derreteu,
daquele que na tua vida se intrometeu

falo do falo de que abusas sem pudor,
daquele que te outorga o prazer e a dor,
daquele por quem tens um assumido e erecto amor
in "In Delirium..."
António Barroso Cruz

Gosto de sentir os teus prazeres líquidos na minha língua.
É como entrar no mais profundo dos teus mistérios, e perceber a matéria de que são feitos numa orgia de sentidos que provocam a animalidade que existe em mim.