domingo, 12 de dezembro de 2010

magia


mágica alquimia
quando o teu sexo
me rasga e implora
o falo incendiado,
gotejante da
lava da vida

banquete de corpos
sob o mesmo sol
que derreteu os
sonhos de Ícaro

...do deserto


deito-me tantas vezes

em contemplação

no deserto do teu corpo.

quem disse que o deserto

é árido e vazio?

...do sangue


misturo o meu sangue no teu,
pétalas vermelhas encharcadas
pelos mares que se agitam
e desfazem nos nossos continentes

perfumes libertados em
gotas de orgasmos multiplicados
que salpicam os corpos
naufragados na praia

...do livro


o fim do teu prazer
será apenas
o reinício de mais um livro,
de uma nova leitura

morrer em ti


sei que um dia

irei morrer

à sombra das árvores

plantadas em ti.

morte fácil e sem dor,

à semelhança das mortes

que em ti tenho morrido

numa constante sucessão

de mortes revividas.

sentidos do prazer


...afinal o que é o prazer

senão a descoberta do cheiro e do sabor,

e de tantos sentidos com e sem sentido

domingo, 1 de agosto de 2010

...do sal e do sol


é sábio o teu desejo
quando transforma
a água pura
do meu rio
em oceanos de
imensidão orgástica

naufragado sobre ti
tento respirar em vão

sou apenas mais
um cristal que brilha
sob o teu sol

o teu sol
de tantos corpos
o teu sal de tantos mares

...da tua chuva


são nuvens de chuva dourada
as que pairam sobre mim

aguaceiros de prazer que
ensopam os terrenos outrora
áridos do meu corpo
onde agora florescem
os lírios do desejo

a tua chuva escorre-me
pelo corpo gota a gota
enquanto vou colhendo
com a ponta da língua
os sabores dourados
da tua tempestade

...do meu sémen


cai lentamente, muito devagarmente,
uma folha de sémen sacudida pela brisa
outonal que acaricia o meu pénis.

cai junto ao teu umbigo, estilhaçando-se
em não sei quantos ínfimos átomos
de uma vida já morta.

estilhaços que se separam e esvoaçam
em todas as direcções do sul. e do norte.
e do vento...

...dos meus corpos


...

vulvas incandescentes em noites
de invernos frios,
outras suaves, líquidas,
em tardes de verão tardio.

bocas entornadas de sémen,
ânforas de néctares
baconianos.

...

Obsessão


Em certos momentos obsessivos
de doçura e caos,
apenas a luz que me escorre das artérias
consegue indicar-me o mundo
húmido e escuro que existe em ti.

Dernorteados membros amputados de tino
que ganham vida por morte dos sentidos encarcerados
na gaiola que em todos os corpos de mulher existe.

Sou insecto encandeado pelo brilho
que nasce no teu ventre
e que morre sempre um pouco mais
em cada esvoaçar estonteado.

Ébrio de tanta luxúria e obsessão,
no doce caos em que me transformo,
escravo da terra, halo do mar, pedra de vida.

sábado, 30 de janeiro de 2010

mulher


como pode o corpo de uma mulher ser a maior das tentações deitadas ao mundo...
na sua simplicidade...inocência (?)...provocação (?)...

tesão que arde sem se consumir

corpos


retiro do teu corpo o meu corpo
gasto de tanto amar

o meu corpo cego e desarrumado
de que junto os pedaços espalhados em ti

corpo em reconstrução
deitado à sombra do teu olhar

sangue


misturo o meu sangue no teu,
pétalas vermelhas encharcadas
pelos mares que se agitam e
desfazem nos nossos continentes

perfumes libertados em
gotas de orgasmos multiplicados
e que salpicam os corpos
naufragados na praia

evasões


oiço a tua voz
enlouquecida de palavras
dentro das quatro
paredes da minha pele
a voz que foge
as palavras que caem
a pele que já não é minha
vestígios de uma
evasão a dois