sábado, 20 de agosto de 2016


epicurista

e eu, louco epicurista,
sedento dos teus sabores sagrados,
vergo-me à tua matéria mágica,
ajoelho-me perante os teus poderes alados

preencho-me e redescubro-me
alimentando-me da tua falsa pureza
entregando-me ao abismo que me abres,
gozando-me em êxtases sem delicadeza

e já quase morto, ou tão-só desfalecido
pelo feitiço das tuas intimidades,
sinto-me finalmente saciado pela tua seiva
refém sem retorno das minhas insanidades


falo

falo do falo que te saciou,
daquele que entrepernas se esvaziou,
daquele que entre lábios se agigantou

falo do falo que te preencheu,
daquele que de bruços primeiro te doeu,
daquele que depois te comprazeu

falo do falo que te encantou,
daquele que nas tuas mãos te maravilhou,
daquele que nos teus seios depois repousou

falo do falo que por ti se intumesceu,
daquele que pelo teu olhar se derreteu,
daquele que na tua vida se intrometeu

falo do falo de que abusas sem pudor,
daquele que te outorga o prazer e a dor,
daquele por quem tens um assumido e erecto amor
in "In Delirium..."
António Barroso Cruz

Gosto de sentir os teus prazeres líquidos na minha língua.
É como entrar no mais profundo dos teus mistérios, e perceber a matéria de que são feitos numa orgia de sentidos que provocam a animalidade que existe em mim.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Kiss me on the lips...



não digas nada. apenas quero o teu corpo que cai em chuva dourada nos meus olhos de mel com que te beijo as coxas enquanto te encontras nas curvas dos meus seios.

não digas nada. pega nas minhas mãos pequenas de brincar "à apanhada" e com elas tacteia o centro de mim ondes te perdes no labirinto que é o meu cérebro de sereia, onde te reconhecess no orgasmo que é o meu grito de guerra. sacia a sede no fruto proibido com que te encanto. e perturbo.

direi então que os morangos sabem a vermelho e os teus lábios são cerejas que trinco com a mesma boca que te engole o sexo e te devora em suaves sobressaltos de perfumes agridoces. 

direi também que o meu rubor é chama de vela em barco à deriva. que o meu corpo é mesmo o labirinto onde te prendo junto ao altar onde ajoelhas a alma. dédalo recondito onde vagueias desencontrado da sombra quando a luz cobre a minha pele iluminada pelo teu sémen. e é lua nova.
  

depois sei que percorrerás todas as linhas do meu corpo em fogo com a tua língua de gelo ardente. assim de_va_gar_____________até á exaustão dos gemidos. e já é lua cheia.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Je suis venu te dire ...


Corpos alinhados na fronteira do desejo. Acordo-te com uma pressão suave da minha mão no teu sexo. Estremeces em rigidez matinal quando a noite está dormente ainda dos suspiros esgotados nos momentos de extâse. Finges que não me vês, enquanto me descubro devagar, a respiração suspensa que intensifica o prazer. Tocas-me um seio, depois o outro, então o teu sexo firme nas minhas coxas maduras de espera. Soergues-te alto e jovem, o olhar da cor do teu cabelo escuro em contraste com o meu adourado pelos sorrisos que te provoco. És infinitamente mais ágil, atlético e vigoroso. Sou pequena, arredondada e duma idade em que a experiência te faz desejar-me em melodias de aromas e sabores ansiados. Encaixo-me nas curvas do teu dorso, entras em mim devagar, como se fosses dono do tempo. Acompanho-te, ultrapasso-te, esperas então por mim. Sémen de seda no meu corpo de cetim. Beijas-me como se fosse a ultima vez e para mim sempre a primeira. Acaricias renda a renda, a lingerie cansada do toque. Suavemente, fazes tombar uma alça que me decobre o ombro, onde descansas o murmurar de palavras imperceptiveis. Seguras-me o cabelo com a tua mão onde cabe a minha alma. Então, sorves-me o nectar que resta de mim, abraças-me com a força da tua juventude inexorável e partimos juntos para o dia que nos reclama. 

domingo, 20 de outubro de 2013


Retiro do teu corpo

o meu corpo

gasto de tanto amar.

O meu corpo cego

e desarrumado

de que junto os pedaços

espalhados em ti.

Corpo em reconstrução

deitado

à sombra do teu olhar.

 


Esculpidos

Sou escultor obsceno da beleza dos corpos que se conjugam e moldam e encaixam e se libertam e recriam e reinventam através dos sentidos esculpidos pelo desejo que (n)os consome.

Quantas esculturas procuro na arte da minha lascívia. Quantas estátuas de carne e pele se erguem e desfazem perante o meu olhar. Na harmonia de que os movimentos são sabedores.